Cortou-me
Como corta-se a seda
Dividiu-me em fases
Descobri a ciência
Eram minhas janelas
Abrindo-me ao meu infinito
O libertar de minha cela
Meus pés rumo ao paraíso
Tive que aprofundar-me
Em meus cômodos internos
Não muito cômodo revivi meus retratos
Para de fato tornar meu coração liberto
Eram as cortinas do tempo
Que escondiam o meu pesar
Na tez sentia o vento
E no imo o meu borbulhar
Uma mistura de sensações
Onde meu sorriso engolia minha lágrima
Um turbilhão de emoções
E ali o silêncio falava
Sua voz era nítida
E a minha embargada
Era a leitura da minha vida
Que no livro do tempo contava
A cada janela
Abria-se uma cortina
Onde a luz do dia reverbera
Tirando-me da guilhotina
Foram apagando-se
Minhas histórias tristes
Fui revigorando-me
Secando minhas cicatrizes
Abrindo minhas cortinas
Deixando o vento entrar
Até que minha partida
Transforme-me em eterno lar
Daqueles aconchegantes
Onde o sol adentra a janela
Meu quintal campo verdejante
E à porta, sou eu sentinela
Por Patricia Campos