Poesia: “Minha paz”
Aquietei-me diante à luz
Senti o teu abraçar
Doçura da raiz de alcaçuz
Tocava o meu libertar
Um dia, a noite foi minha casa
E o pranto era meu mar
Doente era minh’alma
Não ouvia o tom do cessar
A lua era tudo o que eu tinha
Para que pudesse-me clarear
Opaca, minguante e vazia
Sem expectativa que fizesse-me suspirar
A paz era desconhecida
Ouvia falar do seu nome
Sei que para minha agonia
Era apenas um codinome
Uma miragem talvez
Longe do meu estado
O qual por minha minha embriaguês
Não fez parte do meu passado
A solução era mudar
Diluir minhas mágoas nas águas da compreensão
Se até as borboletas nascem de um transformar
Porque não conseguiria mudar o estado do meu coração?
Foi então que entendi
Que o problema não era externo
Tudo o que fazia-me sentir
Era o que tinha no meu interno
Tratava-se de areia
Da poeira que o vento espalha
Não era a minha candeia
Que o tempo todo estava ali, em minha casa
Fiquei tão entretida
Com as noites vestidas de sonhos
Sem luz vivia abatida
Dentro do meus escombros
Então pude entender
Que a paz era minha
Bastava-me conhecer
Que o que é da consciência não se tira
A menos que ela deixe
Que desdenhe do próprio amor
E saia por aí feito um peixe
Adentrando seu mar de dor
Por Patricia C.