Ouvi aqueles versos lindos
Aglomerei-me em águas
Tom suave, canto em encanto lírico
E à boca o gosto de água salgada
Parecia não ter fim
O poeta, sua alma e aquelas palavras
Relaxante feito alecrim
Que ao penetrar-me minha terra lavrava
Remeteu-me um futuro eterno
Junto a entes celestes
Tão aconchegante e fraterno
Que por um segundo transmutara minhas vestes
Senti-me longe
Mas muito perto de mim
Num infinito impressionante
Morada de serafim
Uma orquestra falada
Descrita por um poeta
Presença denotada
Raios que adentraram minha janela
Quando me dei conta
Tudo havia acabado
O poeta quase esquecido
Senti seu peito amargurado
Como pôde ter sentido o ápice do amor
E entre versos perdidos, suas pétalas cairam da flor…
Talvez não estivesse madura
O suficiente para interpretar-se
Mesmo que houvesse candura
Sem amor nada há de infindar-se
Não podemos nos culpar pelo outro
Muito menos jogar nossa culpa em alguém
Mas podemos pela sabedoria ser conforto
E ensinarmos a não tornar-se refém
Pregar a liberdade
Mas antes a adquirir
Ponderar pela verdade
Para então as almas cingir
Mostrando-lhes um caminho leve
Onde seus fardos ficam para trás
E assim nova alma se tece
Desprezando o que era voraz
Sem peso
De forma compreensiva
Trazendo-se novo ensejo
Nova história, eterna em vida
Por Patricia C.