Quando viu
Não se viu
Apenas julgou
Aquilo que não sentiu
Feriu
Mas não se feriu
Mais um coração alheio partiu
E pelo olhar agrediu
É assim que acontece
O erro no outro enaltece
O que brota do imo, esvanece
De ilusão em ilusão a alma tece
A lei não escolhe
O que a pratica, acolhe
E o que não, não absolve
A prática é você quem escolhe
Não olhe pra fora
O equivocar lhe aflora
Despeça o desacerto agora
Mande ele embora
Comece olhando pra dentro
Sentenciando a si mesmo
Reconheça os teus próprios erros
Não sujeite-se à eles, ainda há tempo
Desconstrua-se
A pior falha é condenar o outro
Não sejas mais um indouto
Não faça um juízo solto
Não lhe cabe
Não é seu direito de fala
Na verdade
É que a verdade lhe falta
És juiz sim
De ti
Reflita um pouquinho em si
Lá no fundo há uma voz à ouvir
Ela ecoa
Na intenção de fazer-te sentir
Que há uma imensidão a invadir
Sem peso, sem culpa, sem fim…
Patricia C.