Ó alma não vá lá fora
O tempo fechou
A brisa cessou
E o bem-te-vi não cantou
Ó alma não perca a esperança
Há de nascer a criança
No imo em que há temperança
Mantenha a perseverança
O mundo apodreceu
E o céu entristeceu
O fruto a praga o comeu
E de fome a criança morreu
Ó alma não segure seu mar
Quem sabe ele a leve a outro lugar
E possa ouvir o ecoar
Da liberdade a gritar
O mundo encheu-se de misérias
Em cada canto, só quimeras
No peito a atmosfera
Que não traz paz a esta terra
Lhe atrai
Lhe trai
Pelo pó que um dia se esvai
E o mesmo ainda cai
Dando adeus a seu cais
Confine-se
E clame por seu coração
Todo amor incide
No profundo da imensidão
No interno
Onde o jardim de inverno
Faz florir o broto eterno
Tornando-o heterotérmico
E então não temerás mais o queimar
Seu desejo é purificar
Alma de fato tornar
E o seu deserto atravessar
Segure na mão do teu anjo
Feche seus olhos e confie
Há de findar o seu pranto
E sentirás o prazer de ser livre
Por Patricia C.