Senti-me falta
A minha falta
Fui embora
E agora?
Alguém me viu?
Alguém me ouviu?
Acho que meu eu partiu
E nem de mim se despediu
E eu fiquei aqui, só
Sem identidade
Em letras dei-me nó
Na tentativa de matar-me a saudade
Saudade do meu eu
O qual me esqueceu
Parece que nem sofreu
Será que meu eu se perdeu?
Procuro-me nas pessoas que nem conheço
Tento um recomeço
Do passado não esqueço
E pelo meu pó padeço
Derramei sal por minha juventude
Não pude acompanhá-la, ou melhor ela não me acompanhou
Agora quais são minhas virtudes
Senão condenar minha alma, nesta profunda dor?
Minha crença está perdida
Resta-me só esperança
Quiçá nunca fosse vencida
Por minha própria vingança
Talvez uma dose de vinho
Possa aquecer-me
Ou um pouquinho de wisk
Para que eu volte a esquecer-me
E aflore meus pensamentos
Com ilusões difusas
Resquícios sem fundamento
Em minha mente maluca
Tento acalmar-me em alguns versos
De um poeta qualquer
A frustração do meu inverso
Fez-me pétala de mal-me-quer
Sou a última pétala
Desta flor que murchou-se
E depois desta esfera
Minha própria voz calou-se
Nada sei
E qual importância teria?
Sei que embriaguei-me
Nas bebidas mais libertinas
Aguardo pelo meu fim
Quando o eu pó deitar até sucumbir
Um buquê de jasmim
Junto a alguns alecrins
Por Patricia Campos