Arquitetou seu inverso
Deu luz ao firmamento
Desenhou seu universo
Coloriu seu intento
Deu vida a matéria
Se deu a cada peito
Tem seu tom em toda terra
És o movimento de todo leito
Deu voz aos pássaros
Afinou suas cordas vocais
Fez trilha para seus passos
Escreveu as leis celestiais
Amou cada ser
Contudo deveria entregar sua alma
Uma troca pelo viver
Trazendo-lhe bonança, paz e calma
Deu cor as flores
E sentido aos rabiscos
Do grão da terra viu amores
Dando a ti hoje seu filho
Tudo por um caminho
Por uma razão
Tirar da rosa os espinhos
E a morte de seu coração
Ordenou os planetas
Para seguir o infinito
Deixou liberto o cometa
Até que caísse em tempo finito
Assim seria
E assim deveria ser
Claro como a sabedoria
Nada e ninguém iria perder
Seria uma guerra
Que todos sairiam vitoriosos
Mas fizeram da manhã, trevas
E do vaga-lume, mórbido
Murchou a flor
Desanimou os pássaros
Vivificou a dor
O apocalipse fez seu traço
Borrou o lindo horizonte
Quadro que quebrou-se
Espelho sem fonte
O rio secou-se
Morrem de fome
Todos os dias
Mesmo tendo em si mesmos
A fonte eterna da vida
Por Luíza Campos